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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

DOR E DESESPERO

Nos últimos dias tenho tido contato com situações difíceis, extremamente dolorosas. Para voces terem idéia do que estou a abordar, nesta quarta feira, fui procurado por uma jovem, me parece com cerca de 28 anos. Tem um câncer de mama. Já retirou uma mama com o mesmo problema. Pálida, assustada, frágil. Cortante a figura sofrida daquela irmã. Conversou com um amigo espiritual e desabou, num longo choro de angústia e agonia. Ela repetia que não queria morrer.Ah! inesquecível o timbre cheio de dor daquela voz. Parecia que toda dor do mundo estava ali, concentrada naquela alma, na voz daquela jovem mulher.

Confesso que seria difícil suportar tal cena se não fosse toda a grandeza, a profundidade da Doutrina Espirita em minha vida. Como conciliar os fundamentos sagrados da vida para com aquela situação de dor e desespero que estava ali, à minha frente? Como sentir Deus naquele quadro de sofrimento quase no limite que um coração ansiando por viverapresentava- me?

Porisso que digo sempre que sem reencarnação, a ideia de Deus seria insustentável. Os vários renascimentos explicam esses quadros de sofrimento que a razão baseada em uma só vida não consegue justificar. Há uma razão de ser para tudo aquilo. Como conceber a grandeza do nosso Criador ante as circunstâncias que parecem negar sua Bondade ilimitada? A reencarnação não é uma linha auxiliar dos desejos íntimos para que nos confortemos. A razão indica que assim o é. Os fatos comprovam a Lei dos múltiplos renascimentos. E aí o Universo ganha beleza e esplendor e entendemos que as Leis soberanas guardam a finalidade de nos tornar criaturas felizes, em harmonia para com a Lei de Amor.

Espero que a amiga tenha se sentido mais reconfortada com o atendimento. Li um artigo na revista Época que descrevia o drama de um rapaz que estava em coma vegetativo há 20 anos, na Bélgica, vitimado por um acidente de automóvel. Saiu da vida vegetativa e narrou, com a ajuda de uma fonoaudióloga, que durante todos esses anos via e ouvia o que ocorria à sua volta, desde o momento que os médicos praticamente o deram como perdido até as conversas mais banais das enfermeiras. Ele disse que gritava, mas ninguem o escutava. Como gritava? O Espiritismo nos diz que o espirito ali está mas o corpo danificado não atende aos anseios da alma. Ele é uma prova disso. Ele tinha consciencia do seu grito, escutava sua voz mas o mundo exterior parecia ser um túmulo para ele. Agora ele pretende escrever um livro narrando seu drama. Falou ainda que ouviu sua mãe, que o visitava todos os dias durante todos os anos de coma,comentar sobra a morte de seu pai. Ele disse que chorou, sentiu as lágrimas descendo dos seus olhos mas ninguem via. Eram lágrimas que escorriam dos seus olhos espirituais.

O caso desse rapaz nos faz pensar nos meandros das provações aqui na Terra. Pssar 20 anos em condição vegetativa com plena consciencia de tudo à volta sem poder se expressar. Preso no próprio corpo. O que teria desencadeado tal expiação para ser vivida dessa maneira? A justiça se cumpre, sabemos nós, porem, sem a reencarnação nada se aplica a essa aparente absurda condição humana. Por outro lado, fatos como esse desperta, paulatinamente, a ciencia para mudar seu conceito à respeito da vida. E tambem sua idéia de que a consciencia seria um atributo da matéria. Isso vem caindo por Terra.

Esse rapaz disse que a meditação e uso da sua imaginação o fez suportar tal situação. Ele passou da revolta à resignação e temos certeza que seus mentores espirituais fizeram um trabalho maravilhoso de sustentação e paciencia para que ele conseguisse suportar e aproveitar o misterioso aprendizado. Nessas águas tulmutuadas da dor e do desespero, quantas lições não nos convidam à rever nossos valores, nossa forma de encarar a vida e a dilatar nosso entendimento à respeito da imortalidade e da reencarnação, do aprendizado que nossas vidas nos proporcionam, principalmente quando estamos atravessando águas revoltas e dolorosas. Tudo tem um objetivo grandioso e tudo faz sentido. A finalidade de nossas agruras é o crescimento do ser e o alvo é, por mais que tenhamos dificuldade para entender, a nossa felicidade.

2 comentários:

  1. Que texto emocionante!

    Ao ler os trechos relacionados ao drama dessa moça, tão jovem, querendo viver, as lágrimas encheram meu coração...

    Quando falo sobre a Doutrina Espírita para pessoas que não a conhecem, sempre digo: Ai de mim se não fosse ela. O Espiritismo foi quem me segurou por tantas situações. Claro que não deixei de sofrer, mas mesmo no momento em que me desespero, sei vou tirar proveito de alguma coisa.

    O Espiritismo não promete milagres, muito embora, quando as tribulações passam, parece que aconteceu um.
    O Espiritismo não promete riquezas, porém conseguimos angariar as maiores fortunas do planeta, e nem os tesouros de Salomão seriam tão ricos. Refiro-me as riquezas da alma
    O Espiritismo não promete acabar com a fome, embora tenha em seu seio o trabalho assistencial. Mas acaba com a fome espiritual que nos permite entender a grandeza da vida.
    O Espiritismo não promete acabar com as guerras, mas diz que podemos ter dentro de nós um mundo de paz.

    Erro constantemente em minha caminhada. Tenho consciência de que muitos sofrimentos hão de vir. Mas também sei que ao lado da Doutrina, ao lado de Jesus, mesmo sob o peso do madeiro, o fardo será suavemente leve.

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  2. Que lindo seu texto, Debora. Me emocionou. Continue conosco. Beijos.

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