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quinta-feira, 31 de março de 2011

MINHA MÃE PRETA

Todas as quintas feiras vou visitar minha mãe preta. Eu tinha dias de nascido quando ela chegou para ajudar minha mãe nos cuidados com os nove filhos. Isso mesmo, nove filhos. Garota, cuidou particularmente de mim. Afeiçoamo-nos intensamente. Não lembro daquele tempo inicial mas tanto ela como outras pessoas afirmavam que ela fazia os meus gostos de ficar no braço. Ela teve que se afastar durante um tempo de casa após vários anos pertencendo à nossa família. Adoeci. Tive febre. O médico, após examinar-me, pediu que a chamássemos com urgencia. Eu precisava de minha querida mãe preta.
Ela se chama Augusta. Agitada e simpática. Hoje caminha sentindo o peso dos anos. Sinto nela, no entanto, o portento da reencarnação, dos amores que se vestem de colorido diferente mas que são os mesmos amores. Nos chamamos, às vezes, de "tiririca", o mato que corta. Noto o quanto seus olhos brilham ao me ver. Vejo o quanto se sente orgulhosa quando chego em sua humilde casa e almoço. E me leva até a rua quando me despeço, feliz, mostrando às pessoas de sua vizinhança o quanto eu não a esqueci. E quanto a amo.

As lágrimas brotam quando escrevo sobre ela. São lágrimas de gratidão e sincera ternura. Minha mãe preta. É preta mesmo, nada de afrodescendente. Isso perde a poesia e a intimidade. Suas mãos parecem se iluminar ao fazer a comida deliciosa. Diz ela que sabe o que eu e meus irmãos gostamos. E agora sabe tambem o que gostam minhas filhas. Minha eterna mãe preta Augusta, um grande amor, que vale um lindo romance.

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