DE VOLTA AO COLISEU ROMANO

Me permitam retornar a uma abordagem sobre essas lutas apresentadas como esporte em canais de televisão, alcançando grandes audiencias. Nunca as assisti mas, para o desprazer, as chamadas durante os programas que assistimos são inevitáveis. Pois bem. Ao observar a gressividade das mesmas, o ímpeto de fúria e a vibração dos que assistem, tanto no local quanto pela TV, recordo-me do "velho" coliseu romano, onde tantos martírios e barbaridades foram concretizados. Na verdade, o público ensandecido ( e não apenas ante o sacrifício dos cristãos ) pontificava o primitivismo que o enlouquecia, alimentado pelo sanguinário espetáculo ali promovido. Aqui, em nosso país, não temos as absurdas touradas mas temos essa aberração fantasiada de "esporte".

Preocupante verificar que os "atletas" atuais desses MMAs da vida estão se transformando em ídolos da juventude. Os meios de comunicação de massa bombardeiam os supostos valores dos "vitoriosos" e como alguem preocupado com a educação, fico a pensar sobre o efeito dessa massificação sobre a juventude. Todos conhecemos o efeito subliminar de uma idéia repetida com certa frequencia. E as crianças tambem estão tendo acesso ( e gostando! )  desses programas. Sabemos, ainda, que para suas mentes, aquilo que é premiado como vitorioso e admirado passa a ser visto como natural e  algo que deve ser alcançado em suas vidas. Não creio que estou exagerando na questão.

Felizmente, já surgem, embora timidamente, reações à essa loucura dos tempos modernos. Quando se fala tanto em combate à violencia social, seria estranho que isso não ocorresse. E indago como pessoas que reclamam dessa mesma violencia, adotam esse "esporte" e ainda permitem seus filhos a acompanhá-los. Como se queixar depois de que estamos inseguros para sair à noite ?

Como eu coloquei, algumas tímidas reações já aparecem no horizonte. Tramitam na câmara de deputados emendas que visam proibir as transmissões em TVs abertas das lutas. É pouco mas é alguma coisa. Pelo menos até o ser humano compreender que necessita investir no amor, no compartilhamento, na beleza, a fim de construir uma sociedade melhor, mais harmônica e pacificada. Soa até como hipocrisia reclamar da violencia apoiando, assistindo e vibrando com a fúria dos contendores em ringues que se assemelham às arenas do velho império romano. Retornamos à mais de dois mil anos. O povo asselvajado gritando para que o gladiador destrua seu oponente, assim como hoje, seja nos ginásios ou ante as telas de televisão, outra turba, ensandecida, bestializada, vibra e aplaude esses ídolos do sangue que jorra da face do adversário. E, em muitos casos, acompanhados por crianças extremamente vulveráveis.

Faz parte do embate atual entre a nova realidade espiritual para o nosso planeta e o velho estilo de violencia e atraso do mundo arcaico. Vamos fazer a nossa parte, estimulando a sociedade a refletir sobre isso. Sem imposições e, muito menos, violencias verbais, o que seria contraditório, porem, com a firmeza dos que promulgam, com inteligencia e amor, por uma sociedade edificada em valores geradores de felicidade verdadeira, valores espirituais, pacíficos e pacificadores.

Fica até uma indagação: por que tanta sofreguidão em aprovar o aborto e outras idéias sinceramente equivocadas, ao invés de lançar um olhar sobre aquilo que é, indiscutivelmente, mais importante  afim de estabelecer linhas de progresso e paz à civilização brasileira ? Com a palavra, nossos políticos, legisladores e nossos homens das leis.