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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

D. MARIA DO RANCHO

Por volta da década de oitenta, costumávamos, eu e o Nelson Cavalcanti, o Nelsinho, cunhado de meu irmão Ronaldo, visitar um lugar na periferia do Cabo, que chamávamos o "Rancho". Na verdade, era uma estribaria, um local onde se guardavam animais e estava abandonado. Uma senhora muito pobre morava ali. Não sei se era dela o local ou apenas encontrou-o e ali fincou residencia. O interessante é que alguns mendigos da cidade ia para lá, ao final da tarde,  para ter onde dormir em segurança. E ela os acolhia, fazendo, inclusive, alguns quitutes para eles. Magérrima, pequenininha, D. Maria se agigantava na compaixão pelos que tinham menos que ela.

Aquela situação nos tocou particularmente, a mim e ao Nelson. Fizemos amizade com ela e com seus "hóspedes" permanentes. Procuramos aliviar-lhe a carga ( uso essa expressão apenas no tocante à questão material, como alimentação e roupas pois ela não os via como tal ), desenvolvendo uma singela atividade aos domingos pela manhã. Chão de terra batida,  lá estavam eles, cada um em sua dor e mundo pessoal, acolhidos por d. Maria do Rancho. Fazia um cházinho para um que estava indisposto, lavava os trapos de outro, encaminhava os que precisavam para o médico e ia seguiindo sua vida, até quando Deus o quisesse, dizia ela.

Com o tempo, o rancho deixou de existir. Não me recordo a causa. Não sei se o dono vendeu para alguem. Só sei que não mais vimos D. Maria e nem os mendigos cuidados por ela. Parece que o Rancho não mais existe. Uma estrada está passando no local.Mas a beleza daquele gesto, com certeza, está fixada nos fluidos da vida, na atmosfera psíquica da área, quem sabe para inspirar outras ações semelhantes... quem sabe, um dia, tambem fundaremos um rancho que abrigue os rotos e estropiados do caminho, semelhante a atitude nobre de D. Maria ?

Um comentário:

  1. Que exemplos tocantes Frederico! Trabalhemos para que através dessas almas generosas, possamos nos esforçar para trilhar um caminho melhor, agradecida estamos por nos proporcionar conhecimentos sobre esses espíritos. Muita luz.

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