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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ONDE ESTÁ ADÃO ?

Não, não me refiro ao personagem bíblico, representativo de uma raça, marco divisor de um novo estágio ao qual nosso mundo havia chegado. Este Adão é um homem que viveu na minha cidade  e ao qual já fiz referncia em postagem lá atrás, nos primeiros textos, creio, do início do blog. Simples, infantil pois apresentava um retardamento mental que o fazia, apesar de já adulto, de certa idade, se assemelhar a uma criança. Agradável, sorridente, trabalhav no pesado, carregando cargas para as pessoas nos supermercados e nas padarias da cidade levava as lenhas para os fornos. Não aceitava dinheiro como pagamento. Só queria receber comida. Um prato de comida. Às vezes, ganhava roupas que, logo, logo, estavam rotas, rasgadas. Agora recordo o quanto ele irradiava uma energia encantadora. Algumas pessoas o perturbavam, mexiam com ele. Prestativo ao extremo, era, em geral, muito amado pelas famílias.

Quando desencarnou, a cidade, para surpresa de muitos, assistiu a um enterro digno de um "figurão" da sociedade cabense. Grande contingente de pessoas acompanharam seus despojos, inclusive, para se ter idéia da cena, com médicos da cidade carregando o caixão. O cortejo saiu do abrigo São Francisco de Assis, obra admirável erguida pela missionária de Jesus, madre Iva. Muitos comerciantes fecharam as portas de seus estabelecimentos, em última homenagem aquele ser diferente e extremamente bondoso, que vivia sem dinheiro e demonstrava ser feliz. Alguns acenavam com lenços brancos. Acho que nem a cidade imaginava que Adão fosse tão querido.

Muitos anos depois, inesperadamente, tivemos contato com ele em nossos trabalhos mediúnicos. Foi inesperado pois nem pensávamos nele. Espontânea e bela comunicação, demonstrando a feliz condição espiritual em que se encontrava. Era mais uma comprovação de que não podemos julgar as pessoas pela aparência. Um mendingo pode estar moralmente numa condição muito mais avançada do que imaginamos. Aquela condição faz parte de seus aprendizados, resgate ou tarefa de legar exemplos para o restante da humanidade. Adão demonstrou que se vive despojadamente. Que se pode ser feliz através de outros valores mais profundos. Claro que sua limitação mental auxiliou, possivelmente, para que ele vivesse como um pássaro livre, porem, outras almas, não limitadas mentalmente, tambem conseguiram viver assim, libertos das amarras do ter. A hstória registra isso.

Onde está, agora, nosso Adão? Não sei por que me veio a lembrança muito forte dele. Estará em regiões mais nobres ? Teria ascendido para regiões ignotas do infinito ? Estaria a nos visitar nesse período, compadecido de nossa pequenez ? Não sei a resposta. Só sei que anseio chegar, um dia, à sua grandeza, à sua simplicidade e ao seu amor à vida. E que nossa humanidade alcance, dentro em breve, a mansidão das pombas e a graça dos colibris.

Um comentário:

  1. Fred, é magnífico saber que os reais valores da alma independem de quaisquer condições exteriores. O exemplo de Adão emociona profundamente, e nos faz repensar diversas atitudes diárias nossas.

    Falando por mim mesmo, concluo: como estou distante do nosso Adão e como preciso aprender com seu exemplo riquíssimo de desprendimento.

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