EDUCAÇÃO E MISÉRIA

Está em voga a questão da superação da miséria em nosso país. Aliás, qualquer governante gostaria de ter atrelado à seu curriculum a superação dessa chaga social. Estudos realizados por pesquisadora de uma universidade brasileira constatou, no entanto, o que diversos outros pesquisadores já haviam detectados em outras partes do planeta: o melhor caminho para vencer não só a miséria bem como a pobreza, passa pela educação ( de qualidade), ações concretas na saúde e na infra estrutura. Esclareço. Segundo todos os especialistas, o investimento em educação favorece, como sabemos, a emancipação da pessoa, promovendo-o a patamares de maior qualificação. Mais equipado, ascende socialmente. Na saúde, faz parte do anteparo na qualidade de vida. Com infra estrutura, favorece-se diversos ângulos da vida do cidadão, como, por exemplo, saneamento básico, auxiliando em mais saúde, superação de inúmeras doenças, assim como ações sobre  moradias dignas.

Interessante que todos os estudos até agora comprovam que as chamadas ações assistenciais aliviam mas não consolidam a superação da marginalização social. Embora seja atitude que socorre emergencialmente ( e dentro desse aspecto, válido para socorrer a fome imediata), o peso para a vitória sobre miséria é quase nulo. Basta verificarmos quem recebe tal tratamento emergencial e permanece com vida degradada. A falta de educação, ruas não urbanizadas, ausência de saneamento, de água tratada e a convivência com lixo e animais peçonhentos perpetuam a miséria. Esta não é uma questão de ganhar ou viver com 71 reais para dizer-se emancipado da miséria. Isso é ilusão ou má intenção. Nas comunidades que assistimos aqui na Casa do Caminho, boa parte recebe as bolsas governamentais mas vive em sub vidas, lugares miseráveis, sem infra ou urbanização e sem perspectiva de melhoria social.

Embora fazendo parte da chamada economia do mercado, sou daqueles que pensam que nosso Brasil não tem, necessariamente, que seguir a mesma linha de desenvolvimento de outras nações ( a grande maioria, por sinal). Sem qualquer ufanismo, penso que o país tem outra linha de conquistas que devem passar por fatores espirituais, por valores quase sempre esquecidos em outras nações. A mensagem que podemos passar para o mundo é que desenvolvimento econômico não pode prescindir de conquistas da alma, de aspectos espirituais, aliás, a educação em profundidade e não apenas aquela que se associa às escolas. E nessa escala de valores, a exigência quanto à integridade, honestidade, deve atingir todos os setores da vida social, não penas aos políticos mas aos cidadãos como um todo. Sei que diversos países da Terra já vivenciam isto mas no caso nosso esse vetor está associado à religiosidade inerente a cultura de nosso povo.

Luzes imorredouras devem resplandecer para formatarmos uma sociedade civilizada e com amplas perspectivas para todos os cidadãos. Um senso de justiça social associada a prática de deveres, dessa maneira alicerçando um equilíbrio ideal. Nem só direitos, nem só deveres. Os dois aspectos são fundamentais para uma sociedade produtiva, harmoniosa e mais saudável. Penso que essa mensagem podemos passar para o planeta, o que está de acordo com a proposta exarada no livro do espirito Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier "Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho". Não entendo a obra como sendo mensagem ufanista como a primeira vista se pode ter essa impressão. Entendo que todos os países possuem sua missão, assim como os indivíduos e o Brasil, desde seu descobrimento, já tinha a tarefa que lhe cabia organizada pelo Alto. Se vai obter êxito, aí é outra coisa. Pode falhar ? por que não ? Isso já ocorreu com outros povos, por exemplo, o próprio povo judeu ou a França de Kardec. ( Claro que me refiro à missão junto ao evangelho ).

Creio que estamos caminhando para cumprir nossa missão quanto nação no tocante a divulgação do Evangelho e a busca dos aspectos espirituais da vida, no entanto, os desafios são inúmeros e temos muitos problemas quanto a certos valores referentes ao convívio social e político. Há décadas que o Brasil vem melhorando alguns dos seus índices sociais mas poderíamos ter alcançado patamares bem melhores. Educação, educação! Não há tarefa mais sublime para governos e cidadãos. Educação é rota emancipadora. É libertação de muitos males sociais. Sem hipocrisias políticas. Com a seriedade que o tema nos merece. Para a verdadeira superação da pobreza e da miséria.