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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

UMA ALMA OLHA O PROFUNDO OCEANO

Olhei e a vi, sentada na tosca murada, fitando o profundo oceano. Lépida, esbelta, comovida, ousada.
Coração parecendo transpassar da matéria;
translúcido fulgor em seu contorno de anseios.
Esfreguei os olhos e não era miragem. Ali estava, de fato, um espírito que parecia guardar toda a intensidade da vida na face.
Não, não era anjo e nem carne, apenas.
Tinha mágica e sonho e o poder de afastar a morte de si.

Olhei e a vi ali plantada, como se o mundo estivesse petrificado e o tempo congelado em suas pupilas.
O mar dançava à sua volta e parecia pensar em algo ( ou alguem?). Não falava, era verdade, mas como falava no silêncio que possuía voz de estrela!
Parecia trazer a dor de muitas vidas nos olhos e mesmo sem sorrir, eu sabia, de alguma maneira,
que seu sorriso guardava algo de outono...não seria riso de primavera.

E era bela aquela alma. Ali sentada na murada, no tosco banco, ou sentada na vida, olhando
o oceano profundo, parecia se fundir com ele, num ballet de águas - dos seus olhos, que não deviam cair, e do mar que a encantava ali.
Olhei e me deixei ficar em seu lugar, ali sentado, com olhos formados de sonhos e esperanças.
Ela não me viu - talvez, se me olhasse, não me percebesse. Estava ela em outra dimensão, com certeza.

Outro dia voltei ao lugar e a alma, como eu pensava, já não estava.
Sutilizou-se. Encantou-se. Quem sabe, fundiu-se com o mar. Quem sabe, voltou a ser estrela.

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