Você acessou o Blog de Frederico Menezes. Desejamos que seja ele de utilidade aos que lutam para construir um mundo melhor para todos.

sábado, 23 de novembro de 2013

ÁGIRA E A RELIGIÃO NATURAL

Ágira renascera com o coração pleno de esperança. Estava de volta à arena da Terra consciente de que a hora seria de vastas oportunidades, tanto para seu coração em especial, quanto para a humanidade a que viera servir. Estava exultante, desde sua adolescencia, com a eloquente e profunda mensagem da religião natural. Sim, era disso o de que  tratava o ideal a que passara a se dedicar desde  o início de sua mocidade. Agora, já adulta mas ainda jovem, multiplicava esforços a fim de que o tesouro que lhe enriquecia a vida pudesse chegar ao maior número possível de pessoas.

Não era fácil, porem , a devida assimilação desses postulados. A verdade das leis cósmicas encontrava a resistencia das mentes acostumadas ao período de infância do sentimento religioso. Necessitavam àqueles corações do formalismo, da institucionalização da religião. Pior: não lhe  compreendiam o apelo do desenvolvimento interior, permanecendo na busca de um Deus que lhe atendesse todas as carências imediatistas. Por que se surpreender com isso? Foram milênios vivendo sob injunção da mais ampla ignorância a respeito de si mesmo e da destinação do espírito glorioso. Até a imortalidade, base das diversas escolas religiosas, não encontrava a devida compreensão.

Ágira pensava sobre tudo isso com frequencia. No próprio meio da religião natural percebia uma enorme presença dos resquícios da imaturidade espiritual. Ganhava números de seguidores, no entanto, verificava a enorme quantidade de co - idealistas presos à busca das satisfações imediatas. Consultavam os espíritos na ânsia de ve-los atende-los nas aflições cotidianas, saciando a sede de ver os problemas e dificuldades afastados como num toque de mágica. A consciencia de que deve-se estudar a grande mensagem como quem se organiza "à longo prazo", não possue maior ressonância nas mentes e corações. Sim, mesmo no ambiente de tão avançado corpo de ensinamentos superiores, a "institucionalização" destes conhecimentos produzia a ânsia louca das respostas prontas.

Pensar. Raciocinar. Buscar entender a grande lei, perfeitamente exarada na reencarnação, por exemplo. Isso muitos não o faziam. E uma imensa compaixão envolvia Ágira. Lera não apenas a doutrina a que servia com ardência. Lera Rousseau, Voltaire, os iluministas, a filosofia luminosa que brota dos vedas e do budismo. Ah, a religião naatural seria a perfeita identificação da alma humana para com a divina vontade! Tudo era sagrado. Não haveria na natureza nada que o Criador não houvesse tocado de sagrado. Compreender a espiritualização seria, segundo Ágira, o grande passo para se superar os resquícios da religião de aparencia. 

Uma ciencia religiosa, era o que, na verdade, caracterizava aquele ideal. Princípios das mais elevada moral, que nasciam dos estudos mais intensos sobre a natureza do ser humano e do universo. Sem dogmas, sem rigidez de uma falsa moral, sem puritanismo que esconde a hipocrisia. Pureza real em sua filosofia libertadora. 

Uma religião científica, erguendo  a razão ao patamar de sublime grandeza, encaminhando, por sua vez, a intuição para a esfera mais bela que se poderia conceber. Da análise dos fatos às mais cintilantes conclusões, desenhando uma filosofia elevada, capaz de tocar os céus. Sem sacerdotes e, dessa maneira, todos seria responsáveis sobre o próprio caminho e não apenas alguns deveriam ser entronizados em um  altar. Aliás, ninguem seria levado a este patamar. A visão dos seguidores da religião natural, não tinha dúvidas, teria que sintonizar com esta verdade.

Ágira, sentada diante das vastas montanhas, refletia na estrada longa que ainda cabia à humanidade da Terra trilhar. A própria dificuldade dos seguidores das luzes espirituais de plenificar-se com os robustos postulados, indicavam, ao lado das naturais dificuldades de outros segmentos, um longo caminho, uma árdua ascenção para a imensa comunidade terrena. Assim seria. Assim teria que ser. Caberia prosseguir, semeando, espalhando as sementes da luz, procurando adubá-la em si mesmo. A ascenção se faz. A Lei se cumprirá. E é da Lei que tudo progrida na natureza. Ágira abriu esplendoroso sorriso ante a natureza em festa. Ergueu-se e, fitando a estrada estreita, a seguiu, disposta a viver, tanto quanto possível, a religião natural.

OBS: Amigos, acordei com este texto prontinho na mente. Foi abrir os olhos e ele desfilou por dentro de mim. Tinha que escreve-lo, pois, apesar de ser tão cedo, não havia como voltar a dormir. Levantei e tentei ser o mais fiel possível à sua essencia. Está entregue.

2 comentários:

  1. Receber o texto prontinho? Isso não é justo conosco, pobres mortais que passamos horas para escrever uma mera linha... Mas sei que não é questão de justiça, e sim de merecimento. É esse dom que eu falo que tens, de colocar no papel pensamentos complexos e ao mesmo tempo facilmente compreensíveis, tratando de sentimentos que veste-nos a alma de esperança e confiança. Trabalharei arduamente... Quem sabe não consigo realizar uma pequena parcela desse encantador trabalho que é escrever?
    Parabéns pelo texto.

    ResponderExcluir
  2. Belo texto. Traz muitas reflexões.
    Tenho pensado cada vez mais na necessidade de se pensar em um espiritualização para além das religiões.
    Muitos continuam se perdendo no universo das formas, no exterior. Todos perdidos de si mesmos, apenas repetindo os mesmos erros de sempre. Muda-se o nome da "religião" e continua-se agindo da mesma forma.
    Ao longo de milênios temos fracassado em viver e repassar a Mensagem Divina.
    É bom ver que na Doutrina encontramos mentes abertas trabalhando por essa mudança de paradigma com tanto equilíbrio.
    Parabéns =)

    ResponderExcluir