Escrever é algo que, por mais tentemos definir claramente, sempre ficará algo a ser preenchido. E até porque a sensação para quem escreve terá, naturalmente, características diferentes, de conformidade com a personalidade do escritor. Para uns, escrever é exorcizar fantasmas, medos, angústias, válvula de escape dos diversos conflitos; para outros, escrever equivale a materializar vidas, almas, sonhos e aspirações. De conformidade com os objetivos de quem escreve, pode ser uma ou outra opção.
Sem dúvida que materializar idéias e sentimentos em forma de palavras é uma das mais notáveis e significativas expressão do ser humano. Enquanto que falar é uma arte "aberta ao público" desde que se pronuncia as palavras, escrever é a arte de "monologar" com o coração e a mente, sabendo que, provavelmente, estará dialogando com outras mentes, outros corações, posteriormente. Primeiro voce escreve na própria intimidade, imaginando que outros estejam lendo o que se escreve. Ninguem escreve para si, pelo menos hipoteticamente. Mesmo quem escreve um diário íntimo, será que, no fundo, não imagina como seria a leitura de alguem acessando aquelas revelações? Será que os produtores de diários nunca imaginaram a reação de supostos leitores às escondidas, devorando seus escritos secretos?
Usar os textos para tratar de temas elevados é das mais belas concepções que o engenho humano pode produzir. Escrever edificando. Materializar idéias que renovem, gerem elevadas aspirações, estimulem a confiança e a criatividade em quem lê. E mais ainda quando se aborda espiritualidade, evolução, entendimento da vida, principalmente num mundo em que a ignorância sobre "quem somos" e o sentido da vida, predomina. Exorcizar fantasmas da ignorância e materializar a consciencia da imortalidade e da destinação gloriosa de todos nós. Eis a sublimidade para quem escreve. Isto não quer dizer que todo mundo que escreve teria que o faze-lo abordando, apenas, as questões da espiritualidade doutrinariamente. Não, isto não. Há muitos temas da vida humana que merecem ser abordados. Amor, sofrimento, saudade, relações....o ponto fundamental é sempre escrever erguendo, enfatizando caminhos ou questionando situações para encontrar respostas.
É isso. Escrever amando. Amar, vivendo. Viver com intensidade. Ser intenso com responsabilidade. A vida é um tesouro de emoções fulgurantes e fortes, suaves e doces, ternas e, tambem, em erupções. É a paixão pelo bem, a ardência pela sua grandeza, a reverência por Deus. É a tez do anjo e os olhos ansiosos do genio; a leveza da mulher grávida e a saga da alma santa. É o trabalho perpétuo de Sísifo e a beleza de Vênus. Os versos de Victor Hugo e o amor de Tereza de Calcutá. É Francisco amando e Castro Alves sonhando. É Einstein concebendo e Sócrates pensando. É o homem simples do campo com sua enxada e a menina com seu tablet. A costureira e o operário, a flor e o leão. Enfim, escrever é tratar disso tudo. Afinal, isso é a vida.
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